dezembro 21, 2009

O caos na Fisioterapia

Não porque me sinta deprimida mas por uma questão de trazer a público a verdade dos factos, hoje gostaria de fazer uma análise factual à evolução da minha profissão nos últimos anos.
Não critico, analiso. Não procuro tirar a esperança nem dizer que está tudo mal, mas fazer chegar às pessoas uma realidade que desconhecem. Acabar com mitos para que de uma vez por todos esta profissão possa crescer como merece.

Quando eu terminei o secundário "corria" a ideia que os cursos de saúde eram o futuro. Um mito. Quando iniciei o meu curso de fisioterapia havia 5 escolas de fisioterapia, quando terminei havia 16. Um número inacreditável para o mercado existente. Para vos dar uma ideia, o Piaget de Silves começou a abrir 80 vagas por anos. A minha questão é a seguinte? Existiam muito mais de oitenta fisioterapeutas no Algarve? Se todos os admitidos terminassem o curso estariamos só na primeira "fornada" a duplicar o número de fisioterapeutas. Não existe ninguém no Ministério da Saúde e no da Educação a fazer contas?
Já fez um seguro de saúde? Quais são os serviços que apresentam sempre plafons limitados? A Fisioterapia e a Medicina Dentaria. Ou seja, se quer fazer fisioterapia pague. Nem entro no absurdo da questão de o Estado admitir alunos de dentária e depois não ter este serviço no público ou comparticipar o mesmo.

Depois entramos nos valores ridículos que os seguros pagam às clínicas por tratamento ou mesmo o Estado. Quem tiver curiosidade pode consultar as tabelas. Pouco mais de dez euros em funções dos tratamentos que realize. Se reflectir um pouco chegará à conclusão que jamais uma clínica que estabeleça acordos com a caixa ou a maioria dos seguros poderá realizar um tratamento de fisioterapia digno. Sim, porque lamento desiludir as massas mas só electroterapia não é fisioterapia. Calor e massagem não é fisioterapia. Chega de deitar a areia para os olhos das pessoas.

Depois podemos ainda divagar sobre os salários dos fisioterapeutas. Peço desculpa, salário não. Em fisioterapia 70% dos fisioterapeutas nunca terão direito a um salário. Ganha-se uns trocos à hora, a recibos verdes, pagando no mínimo 150€ à Segurança Social, não tendo direito a férias e retendo mais 20% dos miseráveis trocos para o IRS. E não podem ir trabalhar para um hospital? Não, não podem porque como é óbvio 20 fisioterapeutas são mais do que suficientes para as necessidades de um hospital. Depois vão ter de esperar uns anos para que os nossos colegas se reformem para poder entrar num hospital e ganhar 900 maravilhosos euros para o resto da vida.
Agora estarão certamente curiosos de saber quanto ganha um fisioterapeuta à hora. Há muitos boatos. Eu estimo uma média de 7  a 8,5€ em Lisboa e 8 a10€ no Algarve. Sem descontos. No Norte e interior consta que ainda é pior. Os mais interessados poderão ter acesso às mais incriveis propostas de trabalho dos centro de emprego. A mais recente que eu vi era de 500€, 6 dias por semana, 8 horas por dia. Estaremos todos a falar de pessoas que concluiram uma licenciatura? Para mim, isto é uma vergonha.
Seria tão dificil criar uma tabela como têm os farmacêuticos?
Aceitam-se apostas para o preço da formação/dia em fisioterapia? Uma média de 100€ por dia para continuarmos a melhorar e a não desistir daquilo que nos apaixona, melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Para terminar, um grande elogio para todos os meus colegas. Apesar deste cenário negro, os cursos continuam a ter participantes, e o sonho de fazer o melhor pelas pessoas que a nós recorrem está vivo.

A si utente, procure fisioterapia de qualidade, exija tempo e empenho.


2010 será sem dúvida um ano melhor para a fisioterapia e para os doentes porque "aqui é permitido sonhar".

dezembro 10, 2009

Um futuro melhor para os nossos bebés

Este fim-de-semana estive numa das minhas formações e o professor disse uma coisa que realmente me tocou, deixando-me a pensar. Disse que se realmente queríamos fazer algo pela humanidade tínhamos de aprender a tratar bebés. Descodificando a afirmação, o parto é um processo traumático que pode deixar muitas marcas no crânio do bebé. Tratando-se de um parto em que se utiliza forceps ou ventosas a probabilidade de deformação do crânio aumenta. A criança vai crescer com estas mesmas alterações que se podem traduzir em problemas múltiplos como uma escoliose, problemas de visão, deglutição, hiperactividade, entre muitas outras.
Visualizem uma ponte ou um prédio que se constrói sobre um pilar ligeiramente inclinado. Por muito pequena que seja a inclinação, os problemas na construção serão enormes.
Durante o crescimento as suturas do crânio vão-se fechando, e embora persista sempre um micro movimento, a capacidade de "moldar" o crânio torna-se mínima.

Assim, queridos pais, antes que os vossos filhos deixem de ser bebés, consultem um profissional que realize trabalho craniano, alguém com formação em osteopatia ou em terapia sacro-craniana. Nos casos menos complexos, com uma ou duas sessões as lesões intra-ósseas serão corrigidas.

E aqui está a genialidade da frase do professor. Tratar antes que os problemas se tornem definitivos, intervenha. Prevenir para que o futuro seja mais sorridente.

dezembro 09, 2009

Estante de leitura

Hoje proponho um desafio de observação. Abaixo poderá observar 4 imagens. O desafio é identificar as diferenças na postura de leitura e de trabalho no portátil quando se utiliza uma estante de leitura. Depois pense um pouco sobre o que um pequeno objecto poderá fazer sobre o seu trabalho e sobre as notas do seu filho. Boa sorte!!