janeiro 19, 2010

Anti-inflamatórios? Não obrigado.

A auto-medicação é uma práctica altamente perigosa. É de conhecimento geral que a medicação tem também o nome de drogas. A única diferença em relação ao que associamos a este nome é que a maioria não causa dependência. Contudo, os medicamento têm muitos efeitos secundários e estes não devem ser esquecidos quando, com leveza, fazemos uso deles. Uma leitura na horizontal da bula é suficiente para perceber que as famosas pastilhas não são criaturas assim tão inócuas.
A quantidade de anti-inflamatórios ingeridos dispara entre os atletas e a faixa etária mais avançado, mas a sua utilização indiscrimidade é quase um fenómeno social.
Os anti-inflamatórios aportam ao nosso organismo prostaglandinas, responsáveis pela diminuição da inflamação, contudo inibem igualmente a producção desta substância pelo nosso corpo. Outro efeito catastrófico é ao nível do estomâgo. Gastrites, úlceras, hemorragias gástricas, entre outras, são  um conjunto de doenças a que nos expomos.
Anti-inflamatórios em pomada? Esqueça, para ter efeitos teria de utilizar 3 pomadas por dia...
Anti-inflamatórios? Não obrigado, só se responsavelmente prescritos por um médico.
Em substituição o que pode fazer?

Para diminuir a dor tome medicação exclusivamente analgésica como o paracetamol, nas dosagens correctas. Fale com o seu médico ou farmacêutico. Leia as bulas. Depois poderá abrir os seus horizontes e explorar medicamentos homeopáticos como a arnica, um anti-inlamatorio sem os anteriores efeitos secundários, que está disponivel nas farmárcias em granulado e em pomadas.

Notas: Para não tornar este post demasiado exaustivo, fiz uma abordagem muito simples. No entanto, devido à importância deste assunto sugiro que perca alguns minutos na internet a investigar. Estou disponivel para responder a questões.

janeiro 09, 2010

Perceba melhor os seus músculos (parte I)

Todos sabemos que os conhecimentos que hoje dispomos são limitados e redutores. Em ciência os conceitos são verdadeiros até ao dia em que se prova que são falsos. Isso não me choca. É a vida. Vamos fazendo uma aproximação lenta à verdade. Dá  interesse à vida porque torna tudo dinâmico, vivo, palpitante.

O que me incomoda verdadeiramente é que a ciência evolua e no dia-a-dia continuemos a utilizar os conceitos que estão ultrapassados.

Hoje gostaria de falar um pouco sobre os nossos músculos, as suas fibras e a aplicabilidade deste conceito. É um bom exercício para leigos e não leigos na materia.

É de conhecimento geral que os nossos músculos são constituidos por fibras musculares. Existem diferentes tipos de fibras, com diferentes caracteristicas. Vou-me permitir ser grosseira e utilizar apenas a classificação mais simples.
Existem as fibras tipo I, tónicas, lentas, resitentes e conhecidas do público sob o nome de Vermelhas. Depois temos as fibras tipo II, fásicas, rápidas, pouco resitentes e com o nome artístico de Brancas. Os músculos são uma mistura das duas, mas existem predominâncias. Os músculos da estática, músculos destinados a estabilizar para que outros possam produzir movimentos apresentam uma maioria de fibras tipo I. São estes por exemplo os pequenos músculos da nossa coluna, os músculos posteriores da coxa entre outros. São músculos pouco fatigávies pois estão sempre a trabalhar, mesmo quando estamos parados, em pé ou sentados. Os músculos dinâmicos, destinados a produzir grandes movimentos têm uma maioria de fibras tipo II.

E porque vos canso com estas questões teóricas? Porque esta é uma informação que conhecemos há tanto tempo e que temos infantilmente desprezado na nossa práctica clínica e no exercício. Porque estudar um semestre este assunto se ele depois não é tido em consideração na nossa prática?
Não ensinamos uma criança a nadar colocando-a numa bicliceta, do mesmo modo não ensinamos os músculos predominantemente estáticos a estabilizar fortalecendo-os com exercícios dinâmicos. Pelo contrário, estamos a tornar estes músculos que têm uma grande tendência para o encurtamento, ainda menos flexíveis e cada vez mais encurtados. E é assim que aparece a patologia articular.

Deixemos de tratar colunas como se fazia do século passado, com lombares, abdominais à tropa, calor e massagem!

O exercício tem feito um esforço muito interessante neste sentido com a introdução do treino do core.
Depois desta explicação deixo uma imagem dum exercicio que espero nunca ver um leitor deste blog fazer. Não só pela fisiologia muscular mas também pelo respeito das nossas curvaturas, pelo respeito da biomecânica!! Quantos de vós sentiram dor após este exercício?


Qual o interesse de estimular a hiperlordose?
Deixo-vos com algumas imagens de exemplos de exercícios muito interessantes. Se não tem patologia procure um bom profissional do exercício que lhe explique o que é o treino do core. Se já tem dor ou alguma patologia diagnosticada, procure um fisioterapeuta.


janeiro 02, 2010

Afinal o que é a Osteopatia?

Foi interessante a reacção ao post anterior. Não, não somos seres assim tão tão racionais. São os assuntos que tocam os nossos sentimentos e emoções, que beliscam a nossa hierarquia de justiça que nos abanam e nos mobilizam.

Aproveito para desejar que encarem este ano como um início. Somos tantas vezes copos que só necessitam de uma gota de água para transbordar, nas nossas relações, nos nossos trabalhos. Vamos deitar toda a água fora e começar de novo. Boa sorte. Bom percurso de mudança.

Falando sobre mudança, hoje gostava de abrir um pouco a janela deste tema "Afinal o que é a Osteopatia?", de uma forma muito simples e muito minha.
Muitas pessoas pensam que os osteopatas são uma especie de endireitas mais sofisticados, outros que é algo que só se procura se os "seguríssimos" métodos tradicionais não funcionarem, outros recorrem mas às escondidas dos médicos porque esta é uma terapia "alternativa" e como alternativa não é bem aceite pela comunidade científica e depois os médicos podem ficar chateados... E você que está a ler este post, o que pensa?

A Ostepatia é uma abordagem terapeutica muito interessante, que ao contrário do que se pensa não tem nada de alternativo ou de ilícito. É uma abordagem bem suportada teoricamente e que necessariamente vai crescer em Portugal e na Europa. Por exemplo nos EUA ninguém acha estranho que se recorra aos quiropratas ("primos dos osteopatas"). O grande problema é que a ciência e a medicina rotulam as coisas que conhecem e dominam como boas e as outras... É verdade, falta passar o teste do método experimental, embora já tenha passado o teste dos doentes. Contudo, trata-se de um ciclo vicioso. Não é reconhecida, não é praticada em contexto clínico, não há apoios nem motivação para "perder" horas a escrever papers sobre o assunto.

E pronto, já fugi do tema. Vou utilizar um pequeno exemplo. Imaginemos uma fábrica cheia de trabalhadores, uma empresa, o nosso local de trabalho. A estrutura desta empresa são os trabalhadores. Em todos os trabalhos existem sempre os que trabalham mais e aqueles que se baldam um pouco. No final o trabalho aparecerá necessariamente feito porque os mais trabalhadores vão compensar o trabalho que deixou de ser feito pelos preguiçosos. Quem tem mais desgaste? Os trabalhadores exemplares. Um dia este sistema de equilíbrio entra em falência e começam a surgir os problemas. Os empregados não são mais do que os componentes do nosso corpo, por exemplo as articulações entre as nossas vértebras. Onde aparecerá a dor? Nos trabalhadores que mais trabalham. O que faz a Osteopatia? Como um patrão, circula pela empresa procurando encontrar os trabalhadores preguiçosos e colocando-os a trabalhar. Um novo sistema de equilibrio se inicia, porque no final de contas o grande objectivo e o trabalho final, potenciar o movimento do nosso corpo e eliminar a dor.

Um dos primeiros lemas da Osteopatia é "find it, fix it and leave it alown". Encontra a lesão, trata-a e deixa-a que o corpo fará o resto do trabalho. É por isso que na Osteopatia não existem tratamentos diários. O nosso corpo é o principal médico dele mesmo, só precisa de ajudas pontuais. Assim sendo, os profissionais de saúde deveram ser mais facilitadores de saúde e menos intervencionistas.