janeiro 09, 2010

Perceba melhor os seus músculos (parte I)

Todos sabemos que os conhecimentos que hoje dispomos são limitados e redutores. Em ciência os conceitos são verdadeiros até ao dia em que se prova que são falsos. Isso não me choca. É a vida. Vamos fazendo uma aproximação lenta à verdade. Dá  interesse à vida porque torna tudo dinâmico, vivo, palpitante.

O que me incomoda verdadeiramente é que a ciência evolua e no dia-a-dia continuemos a utilizar os conceitos que estão ultrapassados.

Hoje gostaria de falar um pouco sobre os nossos músculos, as suas fibras e a aplicabilidade deste conceito. É um bom exercício para leigos e não leigos na materia.

É de conhecimento geral que os nossos músculos são constituidos por fibras musculares. Existem diferentes tipos de fibras, com diferentes caracteristicas. Vou-me permitir ser grosseira e utilizar apenas a classificação mais simples.
Existem as fibras tipo I, tónicas, lentas, resitentes e conhecidas do público sob o nome de Vermelhas. Depois temos as fibras tipo II, fásicas, rápidas, pouco resitentes e com o nome artístico de Brancas. Os músculos são uma mistura das duas, mas existem predominâncias. Os músculos da estática, músculos destinados a estabilizar para que outros possam produzir movimentos apresentam uma maioria de fibras tipo I. São estes por exemplo os pequenos músculos da nossa coluna, os músculos posteriores da coxa entre outros. São músculos pouco fatigávies pois estão sempre a trabalhar, mesmo quando estamos parados, em pé ou sentados. Os músculos dinâmicos, destinados a produzir grandes movimentos têm uma maioria de fibras tipo II.

E porque vos canso com estas questões teóricas? Porque esta é uma informação que conhecemos há tanto tempo e que temos infantilmente desprezado na nossa práctica clínica e no exercício. Porque estudar um semestre este assunto se ele depois não é tido em consideração na nossa prática?
Não ensinamos uma criança a nadar colocando-a numa bicliceta, do mesmo modo não ensinamos os músculos predominantemente estáticos a estabilizar fortalecendo-os com exercícios dinâmicos. Pelo contrário, estamos a tornar estes músculos que têm uma grande tendência para o encurtamento, ainda menos flexíveis e cada vez mais encurtados. E é assim que aparece a patologia articular.

Deixemos de tratar colunas como se fazia do século passado, com lombares, abdominais à tropa, calor e massagem!

O exercício tem feito um esforço muito interessante neste sentido com a introdução do treino do core.
Depois desta explicação deixo uma imagem dum exercicio que espero nunca ver um leitor deste blog fazer. Não só pela fisiologia muscular mas também pelo respeito das nossas curvaturas, pelo respeito da biomecânica!! Quantos de vós sentiram dor após este exercício?


Qual o interesse de estimular a hiperlordose?
Deixo-vos com algumas imagens de exemplos de exercícios muito interessantes. Se não tem patologia procure um bom profissional do exercício que lhe explique o que é o treino do core. Se já tem dor ou alguma patologia diagnosticada, procure um fisioterapeuta.


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