novembro 28, 2012

O meu ensaio sobre o Envelhecimento

(dirigido a todos nós que somos filhos e netos e que um dia esperamos chegar à terceira idade)

Como acontece com quase tudo na vida, quanto mais contacto com determinada realidade temos mais aprendemos a admira-la.
Deixo antes de mais aqui uma nota, esta é a minha visão sobre a terceira idade aos 30 anos.
Custa-me um pouco ouvir a expressão, empregue de uma forma depreciativa, "está a ficar velho", com o sinónimo de "cada vez tem mais mau feitio".
A idade não é de forma alguma causa de mau feitio. Os velhinhos chatos já o eram enquanto adultos.
Mais, há por aí muitos adultos que são bem velhos, e muitos meninos para cima dos 80 que são verdadeiros jovens, com uma vontade de viver, aproveitar a vida e aprender. Tenho tido o privilegio de trabalhar com pessoas que começaram a iniciar-se na informática aos 70/80 anos, que navegam na Internet e se procuraram adaptar às novas tecnologias com uma motivação admirável.
Agora não se espere que alguém que toda a vida se conformou com pouco, que sempre teve uma personalidade definida como "difícil", agora se torne um velhinho amoroso. Cuidemos da nossa maturidade desde já!
Na minha opinião o grande problema é que o nosso cognitivo, a nossa forma de raciocinar e encarar a vida não varia muito, mas o nosso corpo, o invólucro que nos permite relacionar com o mundo vai-se desgastando. E quando nos apercebemos estamos dentro dum corpo que não responde ao que o nosso controle gostaria. Começam a surgir problemas de saúde e temos de encarar diariamente a verdade que o tempo não volta para trás. Adaptarmo-nos a uma nova realidade, a um certo tipo de dependência é uma mudança enorme na nossa vida. Mudar, em todas as fases da vida exige um gasto de energia tão grande... quanto mais agora. A "ajudar" à aceitação de um corpo um tanto ou quanto deteriorado, temos  os "pirralhos" a querer determinar o nosso destino, os filhos passam a mandar (com a melhor das intenções), a deixar de nos consultar em assuntos da nossa vida, os estranhos falam connosco como se fossemos bebés... e no meio disto ainda esperam que estejamos sempre bem humorados, não sejamos por vezes chatos... E aqui aparecem as depressões, e por vezes mesmo, segundo alguns estudos, alterações cognitivas, porque de uma forma consciente já não somos capazes de "lidar com".
Se pensarmos na nossa vida como um percurso crescente de amadurecimento, os idosos são, mesmo os mais chatinhos, pessoas dotadas de um saber inigualável, com quem temos tanto a aprender. São verdadeiros livros de história viva. Com a globalização e as alterações do conceito de família, os idosos foram perdendo o seu papel central na estrutura familiar, deixando de funcionar como consultores para os mais jovens. Contudo esta estrutura funciona ainda em algumas culturas. Quem será mais sensato?

Aqui fica o meu agradecimento a todos os jovens idosos com quem tenho tido o prazer de trabalhar e aprender.

novembro 17, 2012

Cirurgias à Coluna que não correram bem

Na ausência de sugestões as pessoas que por mim passam são sem dúvida a inspiração para os posts. Hoje gostaria de vos falar sobre as cirurgias que não correram bem.
No outro dia ouvia um colega a dizer, na promoção do seu espaço, que só 10% dos pacientes com patologia de coluna têm indicação cirúrgica. Claro que esta percentagem terá as suas variações em função das opiniões. Por vezes as hérnias discais são tão volumosas que bloqueiam a acção nervosa , podendo mesmo chegar a bloquear o controle dos esfíncteres (no caso de hérnias discais da zona  lombo-sacra).
Nesses casos existe uma emergência cirúrgica e não há nada a fazer.
Contudo, quando vamos para uma cirurgia temos de estar conscientes dos riscos que esta envolve.
A cirurgia tem riscos que se prendem com a anestesia, com uma possível infecção, entre outros. A cirurgia não é uma garantia de que ficará a 100%, sem queixas algumas. Em alguns casos é inclucisvé necessário esperar para que o nervo que teve determinado tempo comprimido, recupere as suas funções,    completas ou parciais.
É importante que se perceba isto, que se pense com consciência antes de avançar para uma abordagem cirúrgica, para evitar processos de revolta quando as coisas não correm como o doente esperava.
O procedimento pode ser executado na perfeição e os resultados não serem excelentes.
Aos médicos dou apenas o seguinte conselho: expliquem bem os riscos dos procedimentos e não abandonem os doentes se as coisas não correrem bem. Tenho tido muitos doentes revoltados com o pós-cirúrgico.
As terapias (fisioterapia, osteopatia, acupunctura,...) nos casos de insucesso são quase sempre a única opção do doente. Na maioria dos casos podemos ajudar a melhorar o problema.

novembro 08, 2012

Actividade física em casa

Normalmente a prevenção de uma recidiva passa por iniciar/reiniciar uma actividade física. Se para algumas pessoas esta questão não constitui problema algo, porque estão habituadas a praticar exercício, para outras esta parece ser uma missão impossível. A falta de tempo, de vontade, de disciplina e de envolvência são muitas vezes os grandes impedimentos.

Pela minha experiência tenho vindo a perceber que o melhor é começar com pequenos objectivos. Afinal, o que mais custa é começar. Nesta altura do ano, em que o frio convida a ficar em casa, porque não começar com uma rotina de exercícios no conforto do seu lar? Aproveite de manhã, levante-se 20 minutos mais cedo e tire o pó da bicicleta que tem na sua arrecadação, procure vídeos no youtube, crie o seu próprio esquema (se não é um iniciado) ou faça os exercícios que o seu fisioterapeuta lhe aconselhou. Pode aproveitar ainda o final do dia, quando tudo acalma, antes de jantar. 
O importante para manter a continuidade da pratica é simplificar a logística e encontrar uma rotina. Se fizer quando lhe apetece, ou quanto todos as outras tarefas tiverem concluídas, nunca irá começar.

Com criatividade conseguirá tornar a sua casa num grande ginásio. Compre uma bola suíça, um colchão e alguns elásticos e verá.

Nota: este post não tem qualquer objectivo de desincentivar a prática de exercício físico no exterior ou num ginásio. Destina-se a uma franja da população que por alguma razão não o pode fazer.


novembro 02, 2012

Dor ciática

A dor ciática é uma das mais temidas dores e uma das causas que mais motiva a marcação de tratamentos, pelo seu efeito devastador no dia-a-dia de quem dela sofre.

A dor ciática é uma dor do nervo ciático, um nervo muito importante que se forma a partir dos nervos que saem das últimas vértebras lombares e do sacro e que inerva a maioria das estruturas do membro inferior. Alguns autores diferenciam dor ciática de ciatalgia, dizendo que a causa da ciatálgia é muscular ou cápsulo-ligamentária, enquanto que a ciática tem uma origem discal.

Outros autores consideram dor ciática e ciatalgia sinónimos, e que a causa da dor pode ser discal (50% dos casos), ligamentar (10%), muscular (20%), articular (5%) ou referida visceral (15%).

Os sintomas clássicos da dor ciática são dor irradiada pelo membro inferior, ao longo do trajecto do nervo ciático aquando da elevação da perna com o joelho em extensão, rigidez da coluna lombar e inclinação do tronco para um dos lados (posição antiálgica). Normalmente a posição de sentado é a mais dolorosa porque nesta posição a pressão interdiscal é 50% superior à da posição de pé.

É comum encontrar referências a uma falsa ciática, ou síndrome do piramidal. O piramidal é um músculo que tem origem no sacro e inserção no grande trocanter (fémur). É fundamentalmente um rotador externo do fémur. O nervo ciático passa na maioria dos casos por baixo do músculo piramidal e em algumas pessoas mesmo entre as fibras do músculo. Uma contratura deste músculo provoca a compressão do nervo, dando uma sintomatologia parecida à de uma "verdadeira" ciática.

Pessoalmente considero a dor ciática um grande desafio de diagnóstico e de técnica manual e um problema em que a osteopatia pode fazer toda a diferença na vida das pessoas.